Jeronimo Gialmilton Coelho da Silva, 40, é um guasqueiro natural da cidade de Erval Seco, que, atualmente, reside no município de Palmitinho (RS), ambas cidades localizadas no norte do estado. Além de dedicar-se à arte da guasqueria, é funcionário público, cuteleiro e lida com cavalos. De “guri”, conheceu a guasqueria através dos saberes repassados pelo seu avô, mestre guasqueiro, figura central em seu aprendizado e aprimoramento. Esse primeiro contato se aprofundaria já “moço”, quando, junto com sua turma de amigos da infância, começou a lidar com cavalos praticando a doma cavalar. Como não tinha condições econômicas para adquirir os preparos necessários para essa finalidade, decidiu tentar fazer os seus próprios, praticando e evoluindo graças aos ensinamentos do seu avô e do mestre Frederico, este último um guasqueiro natural de Santo Ângelo (RS). Além dos livros, diz Jeronimo que, na atualidade, a internet é um bom auxiliar para obter conhecimentos técnicos sobre guasqueria. Segundo ele, quando pratica a guasqueria, sente-se “fixado no chão”, o que lhe permite esquecer os problemas e tensões que afetam a vida no dia a dia. Utilizando exclusivamente couro cru e loncas de potro, explica que suas cordas se destacam por serem fortes e bem arrematadas e, sobretudo, funcionais, para resistir aos embates dos equinos. “Quando faço uma peça, seja para fins comerciais ou para dar de presente a um amigo, sempre faço de conta que são para mim. Eu me vejo nesse ofício por ter lidado, por muito tempo, com doma”, afirma. A guasqueria, atualmente, no RS, tem despertado interesse devido a diversos fatores, segundo Jeronimo. Mas, sem dúvida, a regionalização e expansão nacional da raça Cavalo Crioulo tem se convertido em um fator relevante que explica esse impulso, diz ele. Um impulso que se traduz em uma pré-disposição e interesse pela aquisição de peças de qualidade elaboradas com couro cru. Ouça a entrevista, na íntegra, a seguir.
